G1 DIZ QUE A GREVE É: “A CHANTAGEM DOS CAMINHONEIROS”
O Brasil
está passando por um momento histórico, ao passo que o povo não está
permanecendo calado para os mandos e desmandos de políticos corruptos, sujos
até a alma com lavagem de dinheiro público. Ainda, com perseguições e teses de
gestão que achatam o pobre, pois, quem paga a conta é o trabalhador humilde que
vê o salário mínimo não ser capaz de manter o sustento da família.
Os
caminhoneiros estão demonstrando que a população possui força. Por outro lado,
na data de 24/05/2018, Helio Gurovitz escreveu para o G1, relatou que a greve
dos caminhoneiros é “A CHANTAGEM DOS CAMINHONEIROS”, segue a cópia integral da
matéria:
A CHANTAGEM
DOS CAMINHONEIROS
Ao vergar-se
em salamaleques diante da pressão, Temer, Parente e o Congresso incentivam
outras categorias a adotar a estratégia da confusão.
Depois de
três dias com quase 400 bloqueios de estradas em 23 estados e no Distrito
Federal, voos cancelados por falta de combustível, ônibus parados, linhas de
montagem paralisadas, desabastecimento e alta no preço de hortaliças e a ameaça
de continuar a manter o país refém, os caminhoneiros conseguiram enfim o que
queriam: dobraram Brasília e a Petrobras.
O presidente
da estatal, Pedro Parente, engoliu sua empáfia de executivo independente e foi
à TV anunciar a redução de 10% do preço do diesel por 15 dias. Como Parente
deixou claro que não aceitaria voltar à manipulação populista dos preços em
prejuízo da empresa, o governo se viu obrigado a responder à chantagem cortando
impostos (eles são de 28% no diesel e 44% na gasolina). Começou então a ciranda
política.
O presidente
Michel Temer extinguiu a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico
(Cide) sobre o diesel. O Congresso decidiu voltar a trabalhar: aprovou a
reoneração da folha de pagamento de 28 setores para tentar reequilibrar a queda
na arrecadação, mas zerou o PIS/Cofins sobre combustíveis até o final do ano.
Para o
caminhoneiro, que paga uns R$ 2,5 por litro de diesel, o corte total soma R$
0,53: R$ 0,25 (Petrobras); R$ 0,05 (Cide) e R$ 0,23 (PIS/Cofins). Para o
governo, a reoneração deverá trazer uns R$ 3 bilhões ao Orçamento, suficientes
para cobrir os R$ 2,5 bilhões de perdas com a CIde, mas longe de tapar o buraco
aberto pelo PIS/Cofins, estimado pela Receita em até R$ 12 bilhões.
Para a
Petrobras, Parente estimou a perda de receita em apenas R$ 350 milhões, fração
ínfima do faturamento de R$ 284 bilhões (em 2017). Mas o mercado acionário já
começou a punir a empresa, que voltou a se tornar vítima de ingerência
política. Em Nova York, os papeis negociados ontem à noite registravam queda de
11,3%.
Assim é a
política. Pouco importa que o petróleo tenha sofrido uma alta superior a 50%
desde a metade do ano passado (de US$ 50 para US$ 80 o barril). Pouco importa
que a intervenção política nos preços dos combustíveis, durante o governo
Dilma, tenha levado o endividamento da Petrobras a níveis recordes e
contribuído, com os escândalos de corrupção, para o naufrágio da empresa.
Pouco
importa que os preços sejam, segundo a teoria econômica, a forma mais eficaz de
regular oferta e demanda – a alta envia a compradores o sinal de que é
necessário reduzir o consumo e evita a escassez. A política dá de ombros para a
teoria econômica, para os executivos que proclamam sua independência e para os
políticos que tentam seguir cartilhas ideológicas.
Na hora da
política, quem tem poder demonstra. O resto se submete. Os caminhoneiros acabam
de demonstrar ter mais poder que Temer, o Congresso ou Parente. Emparedados
pela chantagem, todos se viram diante da verdadeira alma do preço dos
combustíveis no Brasil.
Não é
novidade a noção estapafúrdia, disseminada pelo país, de que a Petrobras
precisa zelar pelo preço na bomba em nome do consumidor, ainda que em
detrimento dos acionistas. A alma do preço do combustível brasileiro não é, nem
nunca foi econômica. É populista.
Em nenhum
lugar do mundo, corporações organizadas têm pruridos em tentar submeter o país
a suas vontades. Mineiros britânicos enfrentaram durante anos o governo de
Margaret Thacther na década de 1980. Ela não se dobrou. Ferroviários enfrentam
ainda hoje as reformas do governo Emmanuel Macron na França, com paralisações
periódicas. Até agora, ele não se dobrou.
Pois
bastaram três dias de confusão com os caminhoneiros para Temer, Parente e
companhia se vergarem em salamaleques. A vitória dos caminhoneiros transmite um
recado cristalino a outras categorias com poder de gerar confusão: “Com essa
turma que está aí, a chantagem funciona. Podem ir em frente!”.
Fonte: G1 -
Por Helio Gurovitz, publicado em: 24/05/2018 - 06h34min
Disponível
em: https://g1.globo.com/mundo/blog/helio-gurovitz/post/2018/05/24/a-chantagem-dos-caminhoneiros.ghtml
- Acesso em: 24/05/2018 - 08h54min
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